Procedimento ortopédico foi realizado com enxerto de material sintético, que oferece maior rapidez na recuperação e menor chance de infecção

 

O Hospital São João Batista (HSJB), em Volta Redonda, realizou na última quinta-feira (29 de maio) a primeira cirurgia da região com a utilização de vidro bioativo, conhecido como biovidro, material empregado para substituir enxertos ósseos, entre outras aplicações. Os responsáveis pelo procedimento foram os médicos ortopedistas Orovato Lopes e Gustavo Barros, que realizaram uma fistulografia com curetagem no joelho esquerdo de um paciente de 65 anos, utilizando enxerto de biovidro.

Segundo a unidade hospitalar, o paciente recebeu alta já no sábado (1/6). Em procedimentos tradicionais, com enxerto ósseo, a alta costuma demorar mais, pois seriam necessárias várias sessões hiperbáricas. Agora, o paciente precisa apenas de acompanhamento ambulatorial em estomaterapia.

O médico-ortopedista Orovato Lopes destaca que o uso do vidro bioativo é uma realidade e uma necessidade da ortopedia moderna, que busca cada vez mais aplicar substitutos ósseos para preencher falhas ósseas. Ele explica que, embora o enxerto do próprio osso do paciente — geralmente do ilíaco — seja considerado o “padrão ouro” nesse tipo de procedimento, há contraindicações, como o risco de infecções ósseas (osteomielite) em alguns casos, como o do paciente submetido à cirurgia inédita.

A adoção dessa nova tecnologia pelo HSJB pode representar um caminho para a recuperação mais rápida desses pacientes, evitando complicações pós-cirúrgicas como a osteomielite.

“Esse tipo de produto (biovidro) é bastante eficaz no controle e na erradicação de infecções. O Hospital São João Batista deu um grande passo ao disponibilizar aos pacientes da rede pública esses produtos de excelência, que já vêm sendo utilizados na prática moderna da ortopedia”, afirmou o médico, que já tinha experiência prévia com o material.

A secretária municipal de Saúde, Márcia Cury, ressalta que a busca por novas e seguras tecnologias para cirurgias e tratamentos é uma constante na rede de saúde do município. “A opção pelo uso do biovidro é mais uma conquista para nossos pacientes, que passam a ter uma recuperação mais rápida e com menor risco de complicações. Vamos seguir investindo para que nossa rede possa oferecer sempre o melhor aos moradores”, afirmou.

Para o prefeito Antonio Francisco Neto, essa nova tecnologia se soma a outras que o Poder Público vem investindo para melhorar o atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade, lembrando, ainda, que o hospital está se modernizando. “Já temos até cirurgia robótica pela rede pública. E estamos reformando e ampliando o São João Batista para que seja cada vez mais referência, com equipamentos e procedimentos mais modernos, beneficiando toda a população.”

Sobre a tecnologia

O biovidro é um material utilizado para preencher defeitos ósseos, substituir enxertos ósseos tradicionais ou revestir implantes metálicos e cerâmicos. Ele se diferencia do vidro comum por sua composição química enriquecida com elementos minerais como cálcio, fósforo, sílica, sódio e potássio, o que lhe confere propriedades bioativas e bactericidas, além de acelerar a regeneração óssea e a integração de próteses ao tecido do paciente. Esse efeito ocorre devido ao aumento da concentração de íons de silício, que estimula a proliferação de osteoblastos, células envolvidas na regeneração óssea, e à inibição da proliferação bacteriana por meio do aumento local do pH.

As aplicações cirúrgicas do biovidro abrangem principalmente procedimentos ortopédicos e vasculares. Na ortopedia, ele é utilizado para reparar fraturas complexas, preencher cavidades ósseas e revestir próteses articulares. O material também apresenta potencial, segundo pesquisas, para o tratamento de lesões de pele e problemas em cartilagens, entre outros, graças à sua capacidade de estimular a proliferação celular e a regeneração tecidual.

O biovidro pode ser utilizado na forma de pós, grânulos, fibras ou revestimentos, adaptando-se a diferentes necessidades cirúrgicas e permitindo até a produção de peças por impressão 3D. Ele pode substituir materiais como enxertos ósseos retirados do próprio paciente ou de doadores, cerâmicas bioativas e, em alguns casos, polímeros e metais utilizados em implantes.

Como funciona

O biovidro estimula a formação de novo tecido ósseo e reduz o tempo de recuperação do paciente. A formação óssea sobre enxertos recobertos com biovidro pode ser até duas vezes mais rápida em comparação com materiais tradicionais, além de o biovidro ser totalmente reabsorvido pelo organismo, sem deixar resíduos. Entre os benefícios adicionais, destacam-se a prevenção de infecções, a alta durabilidade, a biocompatibilidade e a menor invasividade dos procedimentos.

Para a adoção dessa tecnologia, hospitais e cirurgiões precisam estar capacitados quanto ao manuseio do material e às técnicas específicas de implantação, além de contar com a aprovação dos órgãos regulatórios, como a Anvisa no Brasil.

Fotos de divulgação – Secom/PMVR.

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