
Durante visita da coordenadora da Linha de Atenção Oncológica, prefeito Neto convidou diretor da unidade do país africano para conhecer a cidade e as estruturas de saúde ligadas ao ‘Prevenir’
O “Prevenir”, programa de rastreio organizado do câncer de mama e de útero desenvolvido pela Linha de Atenção Oncológica (LAO) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Volta Redonda, foi apresentado ao Instituto Angolano de Controle do Câncer (IACC) na última semana. A médica-oncologista Luciana Francisco Netto, coordenadora da LAO e do programa, esteve em Luanda, capital do país africano, entre os dias 26 e 30 de outubro. Ela mostrou os números positivos alcançados pelo “Prevenir” em Volta Redonda, que o tornaram referência para implantação de trabalho similar em Angola.
De acordo com a médica Luciana, as estatísticas em relação aos cânceres de mama e útero em Angola são preocupantes e o rastreio organizado como o feito pelo programa “Prevenir” pode ajudar a mudar essa realidade.
“Sabendo da importância de reverter esse cenário, o diretor do Instituto Angolano de Controle do Câncer, Dr. Fernando Miguel, convidou a Drª. Liz de Almeida – a quem conhecia por parcerias anteriores entre o Inca (Instituto Nacional do Câncer), que fica no Rio de Janeiro, e o IACC – para visitar Angola com o intuito de auxiliar a pensar em políticas públicas de saúde”, contou.
“A Drª. Liz é considerada a madrinha do ‘Prevenir’ por ser uma das principais apoiadoras do programa de rastreio organizado de Volta Redonda. Ela é médica da área de epidemiologia do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e atuou por mais de 20 anos no Inca. E, ao contar para o Dr. Fernando Miguel sobre os bons resultados da nossa experiência, este me estendeu o convite para visitar o IACC e iniciar uma parceria para pensarmos em um programa semelhante no país”, afirmou.
Durante a visita, a coordenadora da LAO-VR e a Drª Liz Almeida conheceram o instituto, discutiram com os profissionais angolanos as estratégias e apresentaram a experiência bem sucedida com a LAO e do “Prevenir”. “Por conversa telefônica, o prefeito Neto (Antonio Francisco Neto, prefeito de Volta Redonda) convidou o Dr. Fernando para conhecer Volta Redonda, as estruturas de saúde associadas ao rastreio do câncer e o funcionamento do programa mais de perto. O convite foi aceito com entusiasmo”, comentou Luciana.
“Conhecemos os números positivos alcançados pela LAO em Volta Redonda. São quase duas mil pessoas atendidas, mais de 250 com diagnóstico de câncer, sendo a metade dos casos identificados nos estágios iniciais (1 e 2), quando a doença ainda está localizada e não se espalhou para outros órgãos, com probabilidade de cura de quase 100%”, citou o prefeito Neto, ressaltando que “se estamos conseguindo salvar vidas com esse trabalho em Volta Redonda, temos a obrigação de levar a metodologia para quem precisa. É muito bom saber que o ‘Prevenir’ conquistou respeito e reconhecimento além das fronteiras do Brasil”.
Importância do rastreio organizado do câncer
Angola é um país que está comemorando 50 anos de independência este mês de novembro, enfrentou uma guerra civil que durou 27 anos e se encerrou em 2002, quando o país pôde começar a dirigir sua atenção e recurso a outras frentes que não os conflitos armados, incluindo a saúde da população. O Instituto Angolano de Controle do Câncer foi fundado em Luanda em 2014 e é o único centro de referência de tratamento do câncer adulto no país até o momento.
“Esse contexto reflete em uma dificuldade de acesso da população ao rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer no país”, disse a coordenadora da LAO-VR, reforçando a importância de levar uma experiência de sucesso como o “Prevenir” para o país africano.
“Quando avaliamos esse número em Angola, vemos que o câncer de mama corresponde a 20,8% e o de colo uterino a preocupantes 20,3% – de acordo com o Globocan (banco de dados on-line que fornece estatísticas globais sobre câncer). O que demonstra a urgência de um programa de rastreio e conscientização para essa patologia”, afirmou a médica-oncologista, Luciana Netto.
O câncer de colo uterino é uma doença que pode ser reduzida em 80% com o rastreamento adequado, de acordo com publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Portanto, em países desenvolvidos que têm programas de rastreio eficientes sua incidência é muito baixa, principalmente comparada ao câncer de mama, que globalmente é o câncer mais prevalente nas mulheres.
Congresso internacional
Na semana anterior à viagem para Angola, Luciana Netto participou do ESMO Congress 2025 – evento da Sociedade Europeia de Oncologia realizado em Berlim, Alemanha, reunindo especialistas em oncologia de renome internacional, e onde são apresentados dados de ponta e realizadas discussões sobre os avanços e as direções futuras da investigação e cuidados oncológicos.
Fotos de divulgação – Secom/PMVR.
