Ideias para os projetos criados com material sustentável e sucata vêm dos próprios idosos e resultam em umidificadores, ventiladores e até ar-condicionado

 

As aulas de Robótica da Academia da Vida, unidade da Fevre (Fundação Educacional de Volta Redonda) voltada para pessoas acima de 60 anos, têm como foco a sustentabilidade no ano letivo de 2025. Os projetos são construídos com material reciclável em aulas semanais com duas horas de duração. Atualmente, 12 alunos com mais de 65 anos fazem esse curso de extensão, coordenados pelo professor Frederico Pitassi, que atua em outras unidades da Fevre, dando aulas para adolescentes.

“O objetivo das aulas de Robótica na Academia da Vida é estimular a criatividade, deixando mais livre a construção dos projetos. O processo de criação começa com uma ideia, que parte dos próprios alunos e, normalmente, está ligada ao dia a dia deles. E durante a construção procuro ensinar de forma que possam usar o que aprendem nas aulas em suas casas”, explicou, o professor, que assumiu a turma em 2025.

Entre os projetos concluídos estão um ar-condicionado portátil, que atua com ar quente e frio, construído a partir de isopor e cooler de computador – um dispositivo de refrigeração para manter a temperatura dos componentes internos; ventiladores de mesa com plástico, cano de PVC e motores de eletrônicos em desuso; lixeira automatizada com sensor controlado por um microcontrolador; além de um misturador magnético e umidificador de ar. Os alunos também estão restaurando projetos de anos anteriores como a Minicidade, uma vila com leds; carrinhos; luminárias; peças que misturam artesanato e Robótica.

“O primeiro passo para a construção é a definição do material a ser usado. Depois disso, os próprios alunos trazem as peças e a Academia da Vida também disponibiliza alguns kits de Robótica. A partir daí, mostro alguns vídeos da internet e passo as instruções. Noto que eles têm muita vontade de colocar a mão na massa, são imediatistas, não têm paciência para muita teoria, mas têm muita dedicação. A maior parte do processo acontece nas aulas, mas eles também levam tarefas para executar em casa”, contou Frederico.

O casal Consueli e João Alexandre Sarria, que mora no bairro Retiro, está na Academia da Vida há 9 anos. Os dois fazem extensão em Português II, Teatro, Mente Ativa, mas a Robótica é o xodó. “Temos uma família aqui. A Robótica estimula a criatividade, as habilidades manuais e é o lugar onde o João põe para fora a essência dele de ‘Professor Pardal’ (personagem da Walt Disney Company que criava invenções geniais)”, disse Consueli.

Shirley Seoane Monção, que mora do Jardim Amália, estava toda orgulhosa do umidificador de ar que construíram na aula. “Se depender da gente, os aparelhos desse tipo vão ficar encalhados na farmácia”, se empolgou. E Maura Helena Martins Baganha, que mora no Santa Rita do Zarur, a novata na turma e na Academia da Vida, ressalta que tem levado o aprendizado para casa. “Tinha medo de mexer em alguns equipamentos. E agora me viro sozinha”, comemorou.

A Academia da Vida

O ingresso na Academia da Vida, voltadas para idosos com qualquer grau de escolaridade, se dá pelos cursos básicos de Atualização, Letramento e Português. Além disso, a unidade da Fevre oferece cursos de extensão como Mente Ativa, Informática, Arte, Inglês, Bem Viver, Exercício, Dança, Mundo Contemporâneo, Teatro, Estados do Brasil, Curiosidades Geográficas, Robótica, Oficina de Gerontologia e Português.

“A Melhor Idade nos ensina diariamente. Todos que estão aqui são exemplos de que passar dos 60 anos não impede de continuar aprendendo”, disse a vice-diretora da Academia da Vida, Maria Aparecida Cruz, a professora Cida Cruz.

Fotos de Adriana Cópio – Secom/PMVR.

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