Evento aconteceu no Rio de Janeiro no final de outubro; publicação objetiva orientar políticas públicas para a prevenção e o combate à violência contra a mulher

A Secretaria Municipal de Políticas Públicas e Direitos Humanos (SMDH) participou do Fórum de Lançamento do Dossiê Mulher, que aconteceu em 31 de outubro na Sala Cecília Meirelles, no Rio de Janeiro. Com mais de 240 páginas, a publicação trouxe dados importantes sobre o perfil dos agressores no estado do Rio e orienta a adoção de políticas públicas para a prevenção e o enfrentamento institucional da violência, tendo por base a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).

A secretária municipal de Políticas Públicas e Direitos Humanos, Glória Amorim, destacou a importância das informações e perfis identificados pelo Dossiê Mulher deste ano, que oferecem suporte institucional para o atendimento em rede e do avanço consciente para defender e proteger as mulheres vítimas de violência.

“O Dossiê Mulher é um instrumento importante para a reflexão e ferramenta que auxilia na elaboração de políticas públicas para as mulheres. Não se faz projetos sem dados, e o Dossiê nos auxilia nesse processo”, relatou, apontando que a violência psicológica ficou em primeiro lugar no ranking da violência contra a mulher. “E esta violência, infelizmente, sempre leva ao feminicídio.”

Mulheres negras, as maiores vítimas

Além de Glória Amorim, a secretaria esteve representada pela chefe de gabinete da SMDH, Juliana Rodrigues; e pelas técnicas do CEAM (Centro Especializado de Atendimento à Mulher), a advogada Patrícia Vieitas e a assistente Social Janete Rosa do Nascimento. A delegada do DEAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Volta Redonda, Juliana Montes, também compareceu ao lançamento.

Juliana Rodrigues comentou sobre os efeitos que o Dossiê Mulher 2023 pode ter no atendimento às mulheres vítimas de violência. “Tivermos 111 casos de feminicídio no estado do Rio em 2022, sendo que 60% dos casos são de mulheres negras. O Dossiê nos mostrou que 14 mulheres sofrem violência, em média, a cada hora. Em se tratando de violência sexual, as mulheres negras também foram as mais vitimadas; em torno de 125 mil mulheres sofreram violência no estado, são números estarrecedores. Pelo segundo ano consecutivo a violência psicológica é a que mais aparece nos dados registrados, e pela primeira vez foram divulgados os dados relacionados aos autores das violências, o que também é muito importante para que possamos conhecer o perfil dos agressores”, comentou.

Segundo a chefe de gabinete, o dossiê é base de uma orientação para a SMDH no estabelecimento direcionado de políticas públicas mais eficientes, sendo indispensável este levantamento de dados.

“O dossiê torna possível a nossa atuação de forma direcionada, e podemos desenvolver um trabalho mais consistente com base na realidade. O Fórum teve a participação de profissionais de diversos setores (assistentes sociais, delegadas, promotoras, juízas), e todas nós temos que conhecer o perfil das mulheres em situação de violência para realizar este atendimento com sucesso”, pontua. “Os atravessamentos e dinâmicas dos atendimentos para uma mulher negra são diferentes daqueles direcionados a uma mulher branca, que é diferente do destinado a uma mulher trans, assim como para uma mulher Cis”, exemplificou Juliana Rodrigues.

Mapeamento dos agressores e tipos de violência

O Fórum de Lançamento do Dossiê Mulher/2023 contou com quatro painéis que abordaram temas diversos. Para a assistente social Janete Rosa do Nascimento, a participação trouxe mais subsídios para as profissionais na ponta do atendimento. “Foi uma troca de aprendizado e conhecimentos. E a coleta dos dados do Dossiê Mulher vai contribuir para a elaboração de novas pesquisas e aprofundar as políticas públicas”, destacou.

A advogada do CEAM, Patrícia Vieitas, reiterou os benefícios do documento. “Muito importante para nós, profissionais, o estudo dos dados da violência, pois são necessários para que tenhamos um norte no combate à violência de gênero. O Dossiê fez o mapeamento dos agressores por faixa etária, e identifica os tipos mais comuns da violência reincidente que fazem da mulher o alvo desses agressores.”

Foto: Secom/PMVR

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