Graduação em Administração com duração de quatro anos chega à metade. Formação é gratuita e ocorre em parceria com o UGB

 

Alunos do curso superior em Administração para pessoas com deficiência, oferecido pela Prefeitura de Volta Redonda, chegaram ao 4º período, metade da graduação que tem duração de quatro anos. A formação batizada de “Diploma Cidadão” ocorre em parceria com o UGB (Centro Universitário Geraldo Di Biase) e auxilia, principalmente surdos, a estarem capacitados para o mercado de trabalho. A formação é gratuita.

O projeto surgiu após a Secretaria da Pessoa com Deficiência identificar uma grande de interesse de ingressar no ensino superior por parte deste público, que buscavam se capacitar e melhorar a sua colocação no mercado de trabalho. Dos 30 alunos que iniciaram o curso, 28 seguem na turma, ultrapassando barreiras e se tornando exemplos de perseverança.

Para conseguirem assimilar melhor as disciplinas, os estudantes contam com auxílio de dois intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), inclusive com aulas de reforço no contraturno. Em parceria com os professores das disciplinas são produzidos materiais bilíngues para expor aos alunos de forma visual.

“Isso é pioneiro no Brasil. Não existe. Normalmente, a educação de surdos em faculdades é feita com um intérprete, e só com ele não é o suficiente, porque os alunos acabam perdendo as informações e o intérprete não consegue passar tudo. No nosso projeto, além de termos dois intérpretes acompanhando as aulas à noite, temos reforço à tarde, 100% em Libras. Os professores de Administração são fluentes em língua de sinais, temos uma professora de Português para surdos e outro que ensina Libras para os que não são fluentes na língua de sinais. Então são cinco profissionais trabalhando em prol desta turma”, resumiu a coordenadora do projeto, Eliete Guimarães Vasques.

O secretário municipal da Pessoa com Deficiência, Washington Uchôa, lembrou as dificuldades que esses alunos, a maioria surdos, possuem em comparação com outras pessoas sem qualquer deficiência.

“Sabemos que todos precisam de apoio para concluir a graduação, e mais ainda para estarem preparados para o mercado de trabalho. É muito gratificante ver eles chegarem até esta etapa. Agradeço a Deus e ao prefeito Neto, muito sensível à questão dos deficientes na cidade e tem nos dado todo apoio necessário”, afirmou Uchôa, agradecendo também à equipe da Secretaria da Pessoa com Deficiência.

Transformando o sonho em realidade

Matheus Pires Moreira, de 29 anos, que é cadeirante, disse que é uma satisfação muito grande poder cursar Administração, uma oportunidade que ele não conseguia vislumbrar se não fosse o apoio da prefeitura.

“Nunca imaginei ter esta oportunidade e mesmo com dificuldade, consegui chegar à metade do curso, o que é uma vitória grande. Agradeço essa oportunidade que o governo, o prefeito Neto nos deu, foi muito bom”, disse, agradecido.

Cláudia Valente Siqueira tem 38 anos e é surda. Atualmente ela trabalha na digitalização de documentos e agradeceu a oportunidade de poder ingressar no Ensino Superior para ter melhores condições de trabalho no futuro.

“Agradeço a prefeitura por estar nos dando esta oportunidade de fazer um curso superior de graça. Até porque para a gente, que é deficiente, é bem difícil. Me sinto muito feliz, pois temos uma aprendizagem boa, com acessibilidade. Então eu agradeço muito, muito mesmo, à prefeitura, à UGB e aos professores. O ensino bilíngue (Libras), esta união entre os professores e os intérpretes, a questão visual, está sendo muito bom. O entendimento acontece de uma forma muito clara e objetiva”, relatou Cláudia, com o auxílio de um intérprete de Libras.

Os jovens Mírian Jéssica e Davy Pulite, ambos de 20 anos, ressaltaram que ingressarem em uma faculdade é a realização de um sonho, mas que ele só será completo ao concluírem a graduação.

“O meu sonho é me formar. Agora, no quarto período, é uma grande vitória, mas meu desejo é chegar até o oitavo, me formar, entrar em uma empresa com um salário bom e estar atuando de forma legal”, disse Mírian Jéssica.

“Fazer faculdade para mim é a realização de um sonho. Competir no mercado de trabalho, ter um bom salário e ser valorizado mesmo sendo surdo. Agora eu foco em chegar ao oitavo período e me formar. Agradeço a oportunidade e estou aproveitando cada dia”, garantiu Davy.

Fotos: Cris Oliveira/PMVR

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